A cultura do Vale e os pontos de Cultura

05/02/2012 09:41

 

Por Alba Dutra

 

 

FOLIAS DA CULTURAA cultura do Vale do Jequitinhonha tem lugar de destaque no cenário nacional. São saberes e fazeres diversos de um povo que luta para preservar sua terra e ver seus filhos crescendo e vivendo com dignidade, sem ter que abandonar o lugar onde nasceram.

São muitas as iniciativas e projetos que versam sobre a valorização da cultura e a preservação dos bens culturais materiais e imateriais dos municípios do Vale. Entretanto todos eles esbarram na questão da sustentabilidade, devido à dificuldade de captação de recursos para sua continuidade.

No Vale há artesanato, folia de reis, congado, catopês, batuques, histórias, cordéis e loas cantadas e contadas, que revelam a faceta multicultural do Vale do Jequitinhonha.

Os Vales são tantos como as Minas Gerais. São vários e multifacetados. Neste Vale, o sagrado está em tudo e revela as tradições dessa gente que traz a terra em suas veias.

Apesar de toda essa riqueza, as condições de vida das populações na maioria dos municípios, ainda é precária e carece de investimento em setores prioritários como saúde, educação, saneamento, habitação e cultura.

 

A fim de fazer frente à situação de vulnerabilidade social em que se encontra boa parte da população, inclusive crianças, uma série de ações vem sendo realizadas por ONG’s e agentes culturais. Estes grupos têm algum trabalho de formação já iniciado e precisam de aperfeiçoamento, qualificação e continuidade. Investir na formação e qualificação de recursos humanos é vital para o reconhecimento do capital cultural e para o desenvolvimento da região.

Em Rubim, a ONG VOKUIM faz a gestão de um Ponto de Cultura, o Folias da Cultura.

Os Pontos de Cultura são iniciativas culturais desenvolvidas pela sociedade civil com apoio do Governo Federal, através do Programa Mais Cultura, em conjunto com os Governos Estadual e Municipal. Eles representam uma grande conquista para o movimento cultural de todo o país e, em particular para regiões isoladas geograficamente e que prescindem de políticas públicas municipais de incentivo à promoção e volorização da cultura. Como disse o ex-ministo Gilberto Gil, quando esteve à frente da pasta da Cultura,

“O Ponto de Cultura é “uma espécie de ‘do-in’ antropológico, massageando pontos vitais, mas momentaneamente desprezados ou adormecidos, do corpo cultural do País.”

Em Rubim, o Folias da Cultura têm a tarefa de revitalizar manifestações, inventariar bens culturais que estão em vias de extinção e oferecer formação técnica. Através de oficinas, pesquisa, documentação e intercâmbio, os grupos têm espaço para troca, aquecimento da memória e reconhecimento de suas características próprias. As oficinas, de formação visam aperfeiçoar a musicalidade, o ritmo, as vozes, a expressão, a dança, a teatralidade, a culinária, que são aspectos componentes da expressão do povo do Vale.

Em Minas Gerais, em 2009 foram conveniados 100 pontos de Cultura, 15 deles no Vale do Jequitinhonha: Casinhas de Cultura de Jenipapo de Minas, Folias de Cultura de Rubim, Raízes da Nossa Terra de Comercinho, Semente Cultural de Carbonita, Gera-Ação Cultural de São Gonçalo do Rio Preto, Vivendo Cultura de Almenara, Cultura Viva de Couto Magalhães de Minas, Casinha, os nossos pontos de cultura de Virgem da Lapa, Criandoarte (Crianças e adolescentes fazendo arte) de Couto Magalhães de Minas, Estação Cultural de Coronel Murta, Cultura Viva de Veredinha, Ponto do Artesanato e da Cultura de Jequitinhonha, Memorial do Tropeiro de Salinas, Cultura e vida no Vale de Datas e Cultura Ativa de Itaipé.

Este é um ganho cultural para o Vale e para todo o país.

 

Ações como esta, privilegiam a coletividade e servem de inspiração para a comunidade e a região, além do incremento à economia local, tanto pela inclusão de atividades formativas quanto pela capacitação ou ainda pela troca de saberes e experiências entre os participantes.

Os Pontos de Cultura em funcionamento no Baixo Jequitinhonha, criam uma rede de comunicação que possibilita a reversão deste anonimato, divulgando suas riquezas e incentivando a pesquisa tanto na recuperação dos acervos históricos quanto na preservação do patrimônio material e imaterial.

O Folias da Cultura representa um caminho de inclusão, transformação social, na medida em que fortalece e preserva as manifestações culturais locais, promove intercâmbio, oferece oportunidades de profissionalização por meio da cultura gerando emprego/ocupação e renda num município que está circunscrito na linha da pobreza, com baixo IDH, intenso fluxo migratório, pequena oferta de emprego e oportunidade ascensão social. E ainda, por fazer frente a um processo de homogeneização e massificação da cultura, tão sentidos nos últimos anos e que afetam principalmente cidades pequenas onde não há circulação de dinheiro e há uma enorme carência de investimento no setor cultural.

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