Herança maldita prejudica até beneficiários do Bolsa Família em Caraí

Aproximadamente 3.000 inscritos no programa Bolsa Família tiveram seus benefícios cancelados ou suspensos porque a Prefeitura de Caraí, no Vale do Jequitinhonha, não renovou e nem enviou os cadastros até o fim do ano para o governo federal.

A atual administração acusa o ex-prefeito de ter "abandonado" a gestão do município depois de ter sido derrotado em sua tentativa de reeleição, em outubro.

A ausência da documentação das famílias teria sido apenas uma das consequências da reação do ex-prefeito Dr. Jenner Neiva (PSDC) tomada após o resultado da eleição. Agora, segundo o novo secretário de Administração, Daniel Miranda, a prefeitura promove um "plantão" para recadastrar os grupos beneficiados.

As dívidas herdadas pelo sucessor de Neiva, Valtemiro Ferreira de Souza (PMN), também estão sendo negociadas, para que o município não deixe de receber os repasses do Fundo de Participação do Município (FPM). A prefeitura estima em R$ 3 milhões o saldo negativo atual.

Diante do cenário financeiro, o novo prefeito decretou situação de emergência administrativa no dia 11 de janeiro. Segundo o secretário de Administração, o diagnóstico não deixou outra alternativa. "A folha de pagamento de dezembro está atrasada, assim como o 13º. Também faltam medicamentos nos postos e o programa Saúde da Família não está funcionando", afirmou. Segundo Miranda, os agentes de saúde foram dispensados no fim de 2012.

Segundo a nova administração, a dívida apenas com pessoal chega a R$ 1,8 milhão. O Executivo também herdou cerca de R$ 1 milhão em débitos com o INSS. Miranda afirma que a gestão anterior deixou de fazer o recolhimento à Previdência no último semestre de 2012.

A pé.Os problemas não são restritos às finanças em Caraí. A frota de veículos também foi encontrado em situação precária. "Mais da metade dos veículos estava sucateada, sem condições de uso. O restante teve que ser reformado", disse Miranda.

“INCÊNDIO”

Prefeitura faz pente fino para detectar rombos

O secretário de Administração de Caraí, Daniel Miranda, afirma que ainda não há como prever quando o município conseguirá equilibrar as contas, pois nem todas as deficiências foram detectadas.

"Foi pedido que cada secretário levantasse os principais problemas para ter ciência da situação real da cidade", disse o secretário, para quem o trabalho, agora, é para apagar o "incêndio". "Precisamos fazer o planejamento de acordo com o plano de governo".

O decreto de emergência no município permitiu que fossem realizadas contratações de emergência, sem licitações, como a compra de pneus para os veículos e a manutenção dos veículos.

A gestão anterior é acusada ainda de ter formatado os computadores da prefeituras, deletando os arquivos.

De acordo com o secretário de Administração, a prefeitura irá realizar uma auditoria para fiscalizar a documentação. Isso porque, ele relata, somente ontem a nova gestão teve acesso a todas as informações públicas.

Até o fechamento desta edição, o ex-prefeito Dr. Jenner Neiva (PSDC) não foi encontrado pela reportagem para confrontar as acusações.