Juiz adia julgamento da chacina de Felisburgo, em Belo Horizonte
O juiz também decretou a prisão preventiva de todos os réus.
Quatro réus são acusados de matar cinco sem-terra e ferir 12, em 2004.
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(Foto: Pedro Triginelli/G1)
O juiz Glauco Eduardo Soares Fernandes adiou para o dia 10 de outubro o julgamento da chacina deFelisburgo, na manhã desta quarta-feira (21). O julgamento é realizado no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte. Adriano Chafik e mais três pessoas são acusados de matar cinco sem-terra e ferir outros 12 em um incêndio em 2004. O magistrado também decretou a prisão preventiva de todos os réus, alegando que os acusados em liberdade ameaçam testemunhas relacionadas ao caso.
São réus, além de Chafik, que responde também por formação de quadrilha também, Washington Agostinho da Silva, Francisco de Assis Rodrigues de Oliveira e Milton Francisco de Souza. Dos quatro réus, somente Washington da Silva não esteve presente.
O julgamento foi adiado após um pedido apresentado pelo advogado Sérgio Habib, que defende Adriano Chafik, por motivo de doença. O defensor entregou previamente o pedido com a apresentação de um atestado médico, e não compareceu à sessão desta quarta-feira. O promotor Christinao Leonardo Gonzaga Gomes alegou que este atestado não tem detalhes importantes sobre a doença alegada.
Outros dois réus, Francisco e Milton, alegaram que o advogado que os representava abandonou o caso, apesar da presença do defensor Fabiano Florio no plenário.
Prisão de todos os réus
Pouco depois do início da sessão, o promotor apresentou um pedido de prisão dos quatro réus. Neste momento, Chafik pediu a palavra e disse que os advogados Rogério Vieira Santiago e Lúcio Adolfo, que defendeu o goleiro Bruno Fernandes em seu julgamento, seriam os defensores para o pedido de prisão. Adolfo alegou que não existem fatos novos que incrimem seu cliente e que, por isso, ele deveria ser mantido em liberdade.
O juíz leu sua decisão sobre os pedidos de prisão e de adiamento do júri após um intervalo de 20 minutos. O magistrado decidiu pelo adiamento e pela prisão preventiva dos acusados. "Estratégias para postesgar o julgamento indefinidamente não serão permitidas de forma alguma", disse o juiz, durante a leitura de sua decisão.
Ainda em seu discurso, o juiz disse que os "acusados pode estar obstaculizando a aplicação da lei penal e pondo em risco a ordem pública", motivos considerado para a decretação das prisões. Fernandes ainda solicitou que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na Bahia investigue a conduta do advogado Sergio Habib, que mora no estado.
O advogado Lúcio Adolfo pediu que um representante da OAB acompanhe os réus até o presídio onde ficarão presos. O juiz já confirmou que eles deixam o Fórum Lafayette direto para alguma penitenciária, ainda não divulgada.
Manifestantes no fórum
Dezenas de sem-terra acompanharam a sessão desta quarta-feira (21). Eles aplaudiram de pé a prisão dos acusados. Adriano Chafik, Francisco de Oliveira e Milton de Souza deixaram o plenário com as mãos pra trás, mas sem algemas. A Justiça vai buscar o quarto réu, Washington Silva.
O coordenador do Movimento dos Sem-Terra, Ênio José, falou da satisfação dos trabalhadores com a prisão dos acusados. "Saímos daqui com a alma lavada. Estamos contentes com a decisão. Foi um passo muito grande", disse.
Nesta terça-feira, cerca de 300 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) fizeram uma manifestação em Belo Horizonte contra os adiamentos do julgamento do crime.
O crime
O crime aconteceu na fazenda Nova Alegria, em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, em Novembro de 2004. Cinco pessoas morreram, 12 ficaram feridas, 27 casas e uma escola foram incendiadas, em um assentamento de sem-terra em novembro de 2004, de acordo com a Justiça.
Segundo a assessoria do fórum, Adriano Chafik, que era proprietário da Fazenda Alegria, comandou o ataque após perder na Justiça uma ação de reintegração de posse. Um quinto réu, Admilson Rodrigues Lima, morreu antes de ser julgado.
O processo foi transferido da comarca que atende Felisburgo para a capital mineira para garantir a imparcialidade e a segurança dos envolvidos no júri popular, de acordo com a Justiça.
O Ministério Público é representado pelo promotor Christiano Leonardo Gonzaga Gomes. Todas as testemunhas foram ouvidas por carta precatória.
O fórum informou que não há uma previsão para o fim do julgamento.
Fonte: G1 MG